Descrição do curso
Apesar de parecer algo tão simples e natural, comer é bem mais complexo que andar ou falar, exigindo o uso coordenado e harmonioso de 31 músculos, 6 pares cranianos e 8 sistemas sensoriais.
Esse processo, ao contrário do que se possa pensar, é apenas instintivo nas primeiras semanas, tornando-se rapidamente num comportamento apreendido, fortemente influenciado pela combinação de vários fatores, com maior ou menor preponderância.
A criança passa de um padrão de sucção imaturo para um padrão mais maturo e complexo; aprende a comer alimentos em puré e sólidos gradativamente mais duros, mais consistentes e com texturas mais desafiantes. Simultaneamente, espera-se que vá treinando a manipulação de diferentes utensílios até atingir o seu domínio e autonomia na alimentação.
No entanto, este processo de aprendizagem não é igual para toda a população neopediátrica, sendo cada vez mais frequente a ocorrência de dificuldades alimentares, num determinado período da vida do bebé e da criança com impacto na dinâmica familiar e nas relações com os cuidadores.
Algumas dessas dificuldades repercutem-se nos parâmetros de desenvolvimento do bebé, da criança e do jovem, enquanto outras não são impeditivas de um desenvolvimento harmonioso.
Algumas podem melhorar e desaparecer, outras podem reaparecer mais tarde e sob outras formas ou agravarem-se e tornarem-se crónicas com distintos níveis de prejuízo desenvolvimental.
De acordo com os estudos científicos mundiais, cerca de 30% das crianças com desenvolvimento neurotípico e 80% das crianças com patologia do neurodesenvolvimento apresentam dificuldades alimentares, sendo fundamental a atuação de uma equipa interdisciplinar com conhecimentos em diferentes áreas de saúde modo a proporcionar uma resposta adequada, sustentada nas últimas evidências científicas.
Nesta especialização reuniu-se um grupo de profissionais de saúde com uma vasta e meritória experiência na área das dificuldades alimentares neopediátricas.
Assim, é a nossa missão neste plano de estudos oferecer ao Terapeuta da Fala a possibilidade de compreender, refletir, pesquisar e atuar com excelência junto do bebé, da criança e do jovem com desafios alimentares bem como das suas famílias e cuidadores, numa perspetiva global e interdisciplinar, individualizando as práticas à população que o procura.
Comer é um processo de aprendizagem, muito para além da boca, que envolve múltiplas variáveis bem complexas e heterogéneas e como tal, exige uma visão ampla, em que a solução passa pela articulação de várias áreas da saúde, com um objetivo em comum, assegurar a existência de condições para uma alimentação eficaz e segura.
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